Noites, o que aduzes até mim?
Sugeres tu que eu fique assim?
A quem tu queres que eu traga?
Pois na noite mais solitárias de início de verão,
Vem a mim as lembranças do inverno.
Do tempo que o frio passeava lá fora!
Mas e agora o que restou dentro de mim?
Se não há nada, jaz folhas secas pelo outono.
As borboletas subiam-me pela traqueia.
Noites de inverno que consumia-me de dentro para fora,
Devorava meu coração, pulsava em minha cabeça.
Trucidava meu cérebro em mil pedaços…
Eras tu noite maldita que fazia outrora alegria,
Hoje és tu, maldita noite que fez de mim alguém além,
Além de todas essas farsas de romance burguês.
Essas histórias de contos de fadas…
Delas conheci um velho Filólogo que dizias:
Não tire-me a solidão se não me ofereceres
a verdadeira companhia.